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Berta Loran, ícone da comédia, morre aos 99 anos no Rio

Berta Loran, ícone da comédia, morre aos 99 anos no Rio set, 29 2025

Quando Berta Loran, atriz e comediante faleceu no dia 28 de setembro de 2025, o Brasil perdeu uma das vozes mais persistentes do humor televisivo. O falecimento ocorreu em Rio de Janeiro, onde a artista vivia há décadas, e a notícia rapidamente se espalhou pelos meios de comunicação, despertando recordações de personagens que atravessaram gerações.

A trajetória de Berta Loran

Nascia como Basza Ajs, em 23 de março de 1926, em Varsóvia, na Polônia. Ainda criança, viu sua família fugir da perseguição nazista em 1939, chegando ao Brasil pouco antes da invasão alemã. Naturalizada, Berta encontrou na comunidade judaica de São Paulo o primeiro palco: clubes onde, incentivada pelo pai — ator e alfaiate —, começou a encenar pequenos números de sapateado.

Primeiros passos no Brasil

Aos 20 anos, já casada, instalou‑se definitivamente no Rio de Janeiro, cidade que seria o cenário de sua longa carreira. A estreia no cinema brasileiro veio em 1955, com Sinfonia Carioca, dirigido por Watson Macedo, inserida na era das chanchadas. Em sequência, participou de Papai Fanfarrão e Garotas e Samba, ambas sob a direção de Carlos Manga. Esses papéis ajudaram a consolidar seu nome nos bastidores da indústria.

Carreira na TV Globo

Em 1966, a convite de Boni, Berta ingressou na TV Globo, começando pelo programa Bairro Feliz, dirigido por Max Nunes e Haroldo Barbosa. Na emissora, ela participou de sucessos como Balança Mas Não Cai (1968), Faça Humor, Não Faça Guerra (1970‑1973) e Satiricon (1974‑1975). Cada produção trouxe novos personagens, mas foi na Escolinha do Professor Raimundoprograma de humor criado por Chico Anysio — que Berta encontrou seu papel mais duradouro.

Personagens que marcaram gerações

A imigrante portuguesa Manuela D'Além Mar, a judia Sara Rebeca e a portuguesa Maria foram algumas das faces que Berta deu vida na Escolinha. Cada personagem tinha um sotaque, um jeito de falar, uma crítica sutil ao cotidiano brasileiro. O público lembrava, sobretudo, da frase “Eu não digo, eu mostro” dita por Manuela, que virou bordão nacional. Outro personagem icônico foi Frosina, a empregada de Amor com Amor Se Paga, que garantiu risos nas noites de domingo.

Últimos trabalhos e reconhecimento

Mesmo depois dos 80 anos, Berta continuou nas telas. Em 2009, fez sua última aparição na novela A Dona do Pedaço, escrita por Walcyr Carrasco, interpretando Dinorá Macondo, mãe do personagem Juninho, vivenciado por Marco Nanini. Ao longo de sete décadas, a artista encarnou mais de 2 000 personagens, atravessando gerações e mantendo viva a tradição do humor crítico e afetivo.

Legado e impacto cultural

Além do talento, Berta representou a história de quem sobrevive ao Holocausto e refaz uma vida na terra que lhe deu asilo. Sua filosofia — "o humor é a melhor arma contra o medo" — inspirou atores, roteiristas e até políticos que, ao lembrar de seu legado, citam seu exemplo de resiliência. Críticos de TV apontam que sua passagem marcou o fim de uma era de comédia “clássica” na TV brasileira, substituída por formatos mais rápidos e digitais.

Próximos passos para a memória de Berta Loran

Em homenagem, a Fundação Cultural da Cidade do Rio planeja organizar uma mostruário de objetos pessoais, vídeos inéditos e um ciclo de debates sobre a imigração e a arte. Além disso, a própria TV Globo anunciou a criação de um prêmio anual – Prêmio Berta Loran de Humor – para reconhecer talentos emergentes que mantenham viva a tradição do humor inteligente.

Frequently Asked Questions

Frequently Asked Questions

Qual foi o impacto da morte de Berta Loran na TV brasileira?

A morte de Berta Loran representa o fim de uma era de comédia tradicional na TV aberta. Programas que se inspiravam em seu estilo de humor de crítica social e personagens caricatos têm buscado reavaliar seu formato, e muitos produtores já citaram a necessidade de preservar seu legado através de novos projetos e homenagens.

Quais personagens de Berta Loran ainda são lembrados pelo público?

Os personagens mais lembrados são a portuguesa Manuela D'Além Mar da Escolinha do Professor Raimundo, a judia Sara Rebeca e a empregada Frosina de Amor com Amor Se Paga. Cada um trouxe frases e gestos que se tornaram parte do vocabulário popular brasileiro.

Como a trajetória de Berta Loran se relaciona com a história da imigração no Brasil?

Chegando ao Brasil aos 9 anos como refugiada judia, Berta transformou sua experiência de deslocamento em arte. Seu humor refletia, de forma sutil, as dificuldades de adaptação e o multiculturalismo que caracteriza a sociedade brasileira, servindo de ponte entre diferentes gerações de imigrantes.

Quem são os principais colegas que comentaram a morte de Berta?

Atores como Agildo Ribeiro e diretores da TV Globo lembraram seu profissionalismo e generosidade. A apresentadora Ana Maria Braga também homenageou, ressaltando a importância da artista para o humor nacional.

O que vem aí para preservar a memória de Berta Loran?

Além da exposição da Fundação Cultural da Cidade do Rio, a TV Globo criará o Prêmio Berta Loran de Humor, destinado a novos talentos que mantenham viva a tradição do humor crítico e inclusivo que a artista defendeu ao longo da vida.

1 Comentários

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    Silas Lima

    setembro 29, 2025 AT 21:21

    É lamentável que, em pleno século XXI, ainda percamos figuras como Berta Loran, que dedicou sua vida a criticar as mazelas da sociedade com humor. Sua partida nos lembra que o riso ainda é resistência.

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