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Libertadores 2025: oito classificados às quartas elevam disputa entre Brasil e Argentina

Libertadores 2025: oito classificados às quartas elevam disputa entre Brasil e Argentina set, 19 2025

Sete vagas divididas entre Brasil e Argentina e um intruso que gosta de surpreender na altitude. As quartas de final da Libertadores 2025 têm a cara do continente: pesadas em tradição, cheias de rivalidade e abertas para zebra. São três brasileiros (São Paulo, Palmeiras e Flamengo), quatro argentinos (River Plate, Estudiantes, Vélez Sarsfield e Racing) e a LDU Quito, do Equador, que derrubou um campeão recente e lembrou a todo mundo que mata-mata não obedece a roteiro.

O peso histórico pende para o lado argentino, mas o momento recente é brasileiro. Desde 2019, a taça não saiu do país. Flamengo e Palmeiras alimentam a corrida pelo primeiro tetracampeonato de um clube do Brasil na competição — algo que São Paulo também persegue. Do outro lado, River e Estudiantes miram ampliar coleções robustas e quebrar a sequência verde-amarela. Cenário perfeito para quartas quentes.

Quem chegou e como chegou

Os oito classificados vieram com estilos de passagem diferentes: teve goleada, teve drama em pênaltis e teve sufoco com um a menos. É a Libertadores em modo clássico.

  • São Paulo (Brasil) – Vaga arrancada nos pênaltis contra o Atlético Nacional: 4 a 3 depois de 1 a 1 no agregado. Jogo pesado, controle emocional no limite e defesa segura nos momentos críticos. O tricolor chega com solidez atrás e muita atenção às bolas paradas.
  • Palmeiras (Brasil) – A classificação mais tranquila entre os brasileiros: 4 a 0 sobre o Universitario. Time encaixado, intensidade alta e elenco profundo. O Palmeiras mantém o manual do mata-mata: segurança defensiva, transições rápidas e aproveitamento dos lados do campo.
  • Flamengo (Brasil) – Sem sustos: 3 a 0 no agregado diante do Internacional. A equipe vem crescendo de produção, com Arrascaeta em fase decisiva — cinco gols nos últimos cinco jogos — e Pedro mantendo a fome no terço final, com cinco gols nas últimas seis partidas. É um candidato natural ao título.
  • River Plate (Argentina) – Precisou de pênaltis para passar pelo Libertad: 3 a 1 depois de 1 a 1 no agregado. Jogou boa parte da volta com um a menos e mostrou casca. Chega invicto há 12 partidas na soma de competições, com construção paciente e bola parada forte.
  • Estudiantes (Argentina) – Venceu por 1 a 0 o Cerro Porteño e fez o suficiente para avançar. A camisa pesa — quatro taças no currículo —, mas a fase recente é irregular: apenas uma vitória nos últimos cinco jogos da liga local e posição intermediária na tabela. Vai à base da organização e da experiência.
  • Vélez Sarsfield (Argentina) – 2 a 0 no agregado contra o Fortaleza. Time vertical, agressivo nas transições e compacto sem a bola. Costuma sofrer pouco quando marca primeiro e gosta de campo aberto.
  • Racing Club (Argentina) – Eliminou o Peñarol por 3 a 2 no agregado. Gosta de ter a bola, arma bem o meio-campo e acelera pelos corredores. É perigoso quando encontra superioridade numérica pelos lados.
  • LDU Quito (Equador) – A grande surpresa: 2 a 1 no agregado diante do Botafogo. Joga com inteligência na altitude de Quito, controla o ritmo e machuca em contra-ataques. É um adversário traiçoeiro, especialmente no primeiro jogo em casa.

O sorteio das quartas colocou pimenta onde já havia rivalidade. O duelo argentino entre Vélez e Racing tem tudo para ser trucado, com cara de campeonato nacional, e River x Palmeiras reabre uma ferida recente: em 2021, os brasileiros levaram a melhor na semifinal e depois ergueram a taça. Os outros dois confrontos reúnem brasileiros e o representante equatoriano em chaves que prometem viagens longas, estádios cheios e noites tensas.

Quem chega com mais moral? Pelo desempenho, Flamengo e Palmeiras. Pelo momento, o River vem logo atrás. Pela imprevisibilidade, a LDU. E o São Paulo, mesmo sem brilho exagerado, tem um jeitão de time que não se desespera — o tipo que cresce em série de jogos eliminatórios.

O que pode decidir as quartas

O que pode decidir as quartas

Favoritismo existe, claro, mas os detalhes costumam mandar na Libertadores. Aqui vão os principais fatores que podem pesar agora.

1) Mando de campo e atmosfera. A campanha na fase de grupos costuma definir quem fecha em casa — e isso conta. Maracanã, Allianz Parque e Morumbi empurram como poucos. Na Argentina, o Monumental é uma usina de pressão, enquanto o Cilindro de Avellaneda e o Amalfitani apertam o espaço e o tempo de quem toca a bola. O estádio UNO, do Estudiantes, é duro para quem gosta de jogo limpo no chão.

2) Altitude. Jogo em Quito é sempre uma equação à parte. A LDU sabe cozinhar a partida a 2.850 m, alterna ritmos e força o adversário a escolher entre acelerar (e cansar cedo) ou cadenciar (e dar a bola). Quem visita precisa planejar bem logística, oxigênio e rotação de elenco.

3) O calendário e a janela. As quartas costumam encostar em datas Fifa e fases decisivas de campeonatos nacionais. Rodízio vira necessidade. E a janela do meio do ano pode mexer em peças importantes, especialmente em times argentinos que revelam e vendem rápido, e em clubes brasileiros com mercado ativo.

4) Bola parada. Em série curta, escanteio e falta lateral valem ouro. River e Estudiantes tradicionalmente exploram bem esse repertório, enquanto Palmeiras e Flamengo têm ótimos batedores e presença aérea forte.

5) Controle emocional. O VAR está aí, a arbitragem entra em evidência e a pressão pulsa nas arquibancadas. Quem não perde a cabeça em decisão costuma sobreviver. Pênaltis, como São Paulo e River já lembraram nas oitavas, fazem parte do pacote.

Os cruzamentos mais aguardados têm histórias próprias. No Vélez x Racing, o choque de estilos promete: o Vélez acelera e busca transição curta; o Racing reorganiza, valoriza posse e tenta girar o bloco rival. É o típico duelo que se resolve em detalhes — um desarme na intermediária, uma bola invertida às costas do lateral, um gol cedo que muda todo o plano.

No River x Palmeiras, o enredo é conhecido. O River tenta impor pressão alta coordenada e circulação rápida até achar espaço entre as linhas; o Palmeiras responde com bloco compacto, leitura de jogo e transição que fere. Não espere muitos erros individuais. Aqui, a primeira meia hora de cada jogo vale quase como um termômetro emocional.

E o Flamengo? Vem numa curva de desempenho que agrada: Arrascaeta decidiu jogos recentes, Pedro empilha gols e o sistema defensivo ficou mais estável. O elenco oferece alternativas para mudar o ritmo no segundo tempo — algo que pesa muito quando o rival começa a cansar. Se mantiver concentração, é candidato a fechar série sem sustos.

O São Paulo chega competitivo, com menos picos de oscilação do que em outras temporadas. A força nos duelos, a disciplina tática e a paciência para girar o jogo sem se expor dão ao time um perfil de mata-mata. Não é o mais espetacular, mas é o que incomoda todo mundo quando o placar aperta.

A LDU, por sua vez, carrega o manual clássico do “time copeiro”: ambiente hostil para quem visita, transição rápida pelos flancos, bom chute de média distância e experiência para segurar vantagem. Quem achar que vai passear em Quito corre risco de sair de lá com a série já comprometida.

No papel, os elencos brasileiros são mais fundos. No histórico, os argentinos falam alto. Estudiantes tem quatro taças, assim como o River; Racing e Vélez já foram campeões; a LDU ganhou em 2008; e os brasileiros vibram com coleções triplas (Flamengo, Palmeiras e São Paulo). Essa mistura de pedigree com momento atual explica por que ninguém se sente seguro antes da bola rolar.

Olho também em pequenas assimetrias que costumam decidir: gramado sintético, como o do Allianz Parque, muda dinâmica de passe e velocidade; viagens longas no meio da semana cobram preço na partida de volta; e quem protege bem a área nos minutos finais tende a evitar a “bola do desespero” que costuma sair do nada na Libertadores.

Se você busca um retrato rápido do favoritismo: Flamengo e Palmeiras um passo à frente, River colado, São Paulo sólido, Vélez e Racing com armas claras para surpreender, Estudiantes apoiado na camisa e LDU pronta para morder onde poucos esperam. A única certeza é a de sempre: quarta-feira à noite na Libertadores não perdoa distração.